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Miriam Porquinha: o importante não é o fato global, mas a forma de se deformar a notícia…

A cobertura desonesta da alta do dólar feita por Míriam Leitão e congêneres

Postado em 13 mar 2015

Mostra a árvore, mas não a floresta

Uma das funções mais nobres da mídia é jogar luzes onde existem sombras.

Falei disso algumas vezes, e sempre penso nisso quando reflito sobre o DCM.

A imprensa brasileira faz o oposto: joga mais sombras onde já existem sombras.

Um exemplo notável disso é a cobertura que se dá à alta do dólar.

Uma coisa é o dólar estar subindo apenas no Brasil, enquanto no universo reina estabilidade paradisíaca.

Outra coisa é o dólar estar subindo em todo o mundo.

No primeiro caso, o problema está no governo. No segundo, o país é parte de um drama complexo – e o governo está longe de ser o único responsável.

E como a imprensa brasileira noticia o dólar? Bem, você pode imaginar.

A luz veio, afinal, da BBC Brasil. Hoje, a BBC fez uma reportagem na qual mostrou o panorama real.

A BBC entrevistou uma consultoria, a Rosenberg. A Rosenberg acompanha um cesto de 21 moedas internacionais. Delas, 20 se desvalorizaram diante do dólar.

Não uma, não duas, não três: 20.

Se você não dá essa informação, o leitor flutua numa nuvem de ignorância pessimista.

O dólar forte se explica, em boa parte, nos sinais de recuperação da economia americana.

Há, também, sinais de que o FED, o banco central dos Estados Unidos, vai aumentar a taxa de juros. Com isso, investidores são tentados a deslocar seu dinheiro para os Estados Unidos, em busca de juros atraentes para suas aplicações.

O dólar se beneficia com isso.

Não se trata de negar problema, e sim de situá-lo.

A BBC mostra uma coisa que nenhum colunista econômico da imprensa noticiou: perante o euro, o real manteve a paridade.

Há um ano, o euro estava cotado a 3,28 reais. Agora, está em 3,31.

Neste princípio de ano, o real caiu 13,4% diante do dólar, enquanto o recuo do euro foi de 11,6%.

Menos de dois pontos porcentuais de diferença, portanto.

Por que este tipo de coisa não aparece na mídia brasileira?

Porque não interessa informar que a crise é mundial. Isso tiraria o peso das críticas sobre Dilma.

Mesmo ao preço de desinformar os que nela ainda acreditam, a mídia opta por mostrar a árvore e não a floresta.

A BBC, com uma simples matéria, contou mais sobre a alta do dólar do que toda a imprensa reunida.

Chega a ser engraçado, ou patético, ver agora colunistas correndo atrás de explicações para não se desmoralizarem depois que a BBC os desmascarou.

Hoje, em seu blog no Globo, Míriam Leitão, por exemplo, trata do câmbio, e enfim coloca o mundo em suas análises.

De maneira torta, aliás: segundo ela, a União Europeia quis depreciar sua moeda. E o Brasil não. Seria mais ou menos assim, na visão peculiar de Míriam Leitão: o euro se atirou ao chão, e o real caiu.

Quem acredita nisso, como disse Wellington, acredita em tudo.

Enquanto isso, o G1 continua a dar manchetes com o câmbio minuto a minuto, num ato de descerebrada inutilidade para o leitor.

Quando você sabe quem comanda as Novas Mídias na Globo, entende o esforço em desqualificar o governo.

É Erick Bretas, um jornalista-militante de direita que recentemente se notabilizou por conclamar seus amigos de Facebook a participarem do protesto do dia 15.

Na primeira página do G1, com um clique à esquerda, você pode ler a carta de princípios da Globo.

O item mais solene, ali, é a “isenção”.

Bretas é prova disso.

E a cobertura do dólar é prova de que a imprensa brasileira é uma das piores e mais desonestas do mundo.

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).

Paulo Nogueira
Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

terça-feira, 31 março, 2015 Posted by | Repassando... | , , | Deixe um comentário

Apesar de não ser mais novidade, vale o reforço…

Denúncias

J. Carlos de Assis: Conluio Veja-TV Globo, máquina de criar falsos escândalos

publicado em 7 de agosto de 2014 às 16:18
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por J. Carlos de Assis, no GGN, via Escrevinhador

Que “Veja” e Tevê Globo, por força de seu proselitismo de extrema direita, inventem um escândalo relacionado com a CPI da Petrobrás para desacreditar o Governo, nada de novo. Que os dirigentes do Senado e da dita CPI levem isso a sério, ao ponto de determinar investigações, é extremamente grave. Significa que não há um processo preliminar de avaliação de pseudo-denúncias pelo qual alguém que ostente a credencial de Senador da República acabe passando o recibo de ser um simples idiota.

Já fui secretário de CPI da Câmara dos Deputados. Era comum que fizesse uma lista de perguntas sobre questões específicas aos depoentes. Meu interesse, na condição de auxiliar da instituição CPI, era o esclarecimento de fatos e de situações de seu interesse. Jamais passaria pela minha cabeça esconder minhas perguntas. Não estava num programa de pegadinhas na televisão. Meu interesse não era forçar contradições do depoente, mas colocá-lo diante de questionamentos objetivos para trazer a verdade à tona.

Já auxiliei pessoas a prestarem depoimentos em CPI ou a participarem de debates públicos. Meu papel, nesses casos, tem sido o de simular à exaustão respostas a possíveis perguntas ou respostas a diferentes questionamentos de conhecimento público, incluindo prováveis provocações por interesses escusos. Só um idiota vai para uma inquirição pública ou debate sem alguma forma de preparação. Em geral, nossa memória é fraca. E numa situação em que há algum nível de hostilidade ideológica, todo cuidado é pouco.

O “crime” postulado por “Veja” e catapultado em nível nacional pela Globo, num conluio explícito para desacreditar o Governo, consiste na afirmação de que depoentes vinculados à Petrobrás tiveram acesso a perguntas que seriam feitas na CPI. Ora, ou essas perguntas são objetivas, visando a algum esclarecimento efetivo, ou são pegadinhas, para forçar contradição do depoente. No primeiro caso, a antecipação da pergunta, se houve, não teria qualquer efeito no esclarecimento dos fatos. Contudo, se é uma pegadinha, não tem nenhum efeito objetivo sobre o curso da CPI, exceto, talvez, a humilhação episódica do depoente.

Entretanto, essa não é propriamente a questão, mas seu contexto. O fundamental é que não se pode fazer uma investigação no Senado sobre algo que não existe. Acaso seria crime um depoente ter acesso a perguntas a que seria submetido? Acaso preparar um depoente para responder perguntas na CPI seria crime? Onde está a fraude? Preparar-se adequadamente para uma CPI honra a instituição do Congresso.

O depoente poderia simplesmente chegar lá e calar-se. Naturalmente que, para “Veja” e Tevê Globo, o espetacular, para mexer com a emoção do povo, seria que alguém, pego de surpresa, cometesse o percalço de confessar algum crime na CPI a fim de que saísse de lá com algemas. Isso, já se viu, não acontecerá na CPI da Petrobrás simplesmente porque não houve crime. Portanto, é preciso inventar algum na sua periferia.

No meu tempo de jornalismo, inaugurei no Brasil o jornalismo investigativo na área econômica denunciando vários escândalos financeiros do período da ditadura, ainda na ditadura. Era um trabalho solitário. Não havia ajuda da Polícia Federal, que na época só se preocupava em prender comunistas; não havia apoio do Ministério Público e da própria Justiça (com raríssimas exceções), serviçais do poder militar; ou do próprio conjunto da imprensa, que se mantinha omissa com medo do Governo ou do anunciante.

Não obstante, com o apoio de meu jornal, pude enfrentar grandes blocos de poder político e econômico pela razão elementar de que tinha uma premissa: na denúncia, é preciso ter um código de ética que leve em conta a solidez das provas, a clareza do crime ou da irregularidade, e a inequívoca identidade dos autores.

O código de “Veja” é diferente. Em vez de provas, basta-lhe uma gravação que algum agente desonesto da Polícia ou um espião privado lhe entreguem comprometendo, num contexto nebuloso, alguma pessoa suspeita de governismo; é totalmente dispensável identificar a ação denunciada como crime ou irregularidade; os autores podem ser difusos, desde que comprometam de alguma forma o Governo. Assim, coma gravação deturpada de um lado e o apoio da Tevê Globo do outro, “Veja” produz um escândalo com som retumbante o suficiente para que o Senado a leve a sério.

Em três livros sobre a patologia dos escândalos da era autoritária – A Chave do Tesouro, Os Mandarins da República e A Dupla Face da Corrupção -, em vez de me limitar à história dos escândalos em si, procurei mostrar a institucionalidade que permitiu sua eclosão. Vou fazer o mesmo, resumidamente, para que se entenda a patologia dos “escândalos” denunciados por Veja.

A revolução da informática expulsou os jornais da notícia; como reação, o jornalismo escrito tenta se refugiar na análise. A revista ficou com seu espaço diminuído, porque está distante da notícia (diária) e com pouca eficácia na análise, campo dividido com os jornais. Como consequência, seu campo favorito tornou-se o escândalo. Notem que, de duas em duas semanas, “Veja” expõe um, às vezes elevando roubo de galinha a categoria de grandes escândalos. Quando nem isso existe, ela inventa. Daí a “fraude” na CPI.

P.S. Para que não me interpretem equivocadamente, devo dizer que não sou governista, não sou do PT nem apoio integralmente a política do PT. Admiro as políticas sociais dos governos Lula e Dilma, mas discordo de sua política macroeconômica, que considero responsáveis pelo mau desempenho da economia brasileira. Não obstante, não saio por aí inventando escândalos para dar suporte a candidatos neoliberais de extrema direita na atual disputa eleitoral.

J. Carlos de Assis – Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira.

Leia também:

Janio de Freitas: Se é crime combinar depoimentos em CPI, é também para o PSDB

“Denúncia” de Veja, que ocupou 4m42s do JN, faz lembrar ofensiva de 2006

sexta-feira, 8 agosto, 2014 Posted by | Repassando... | , , | Deixe um comentário

A canalha histórica amplia o quartel da luta pelo retrocesso…

Promoveram caça às bruxas, agora reclamam de “lista negra”

publicado em 21 de junho de 2014 às 9:23

O desabafo de Trajano

por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

E eis que José Trajano, da ESPN Brasil, viralizou.

Um vídeo em que ele cita quatro colunistas que instigam ódio circula freneticamente pela internet nestes dias.

Ele enxergou, com razão, uma relação espiritual entre os que xingaram Dilma no estádio e os colunistas que mencionou.

Trajano falou de Demetrio Magnolli, Augusto Nunes, Mainardi e Reinaldo Azevedo, mas poderia falar de muitos outros.

Outro dia li uma expressão do Nobel de Economia Paul Krugman e pensei exatamente no tipo de jornalista da pequena lista de Trajano.

São os “sicários da plutocracia”. São pagos, às vezes muito bem pagos, apenas para defender os interesses de seus patrões.

Os Marinhos, ou os Frias, ou os Civitas, ou os Mesquitas, não podem, eles mesmos, assinar artigos em defesa de suas próprias causas. Então contratam pessoas como as de que Trajano trata.

Muitos leitores, em sua ingenuidade desumana, vêem alguma coragem nos “sicários da plutocracia”.

É o oposto. Ao se alinhar aos poderosos – aqueles que fizeram o Brasil ser um dos campeões mundiais da desigualdade – eles têm toda a proteção que o dinheiro é capaz de oferecer.

Não correm risco de ficar sem emprego, por exemplo. Podem cometer erros grosseiros de avaliação, de prognóstico, de estilo, do que for.

Mesmo assim, estarão seguros porque cumprem o papel de voz dos que podem muito.

Vi em Trajano um desabafo, uma explosão, e entendo por duas razões.

Primeiro, Trajano sempre foi explosivo, temperamental. É um traço seu desde sempre, bem como a paixão pelo Ameriquinha.

Depois, Trajano ecoou um sentimento que representa o espírito do tempo.

Há um cansaço generalizado, uma irritação crescente com os “sicários da plutocracia”. Não apenas pela soberba vazia, pela arrogância de quem sabe que terá microfone em qualquer circunstância, não apenas pela vilania constante.

Mas pela compreensão de que eles representam um obstáculo brutal ao avanço social brasileiro.

Eles estão na linha de frente da resistência a um Brasil menos desigual.

Eles surgem em circunstâncias especiais. Seu papel é minar, perante a opinião pública, administrações populares.

O maior da espécie, Carlos Lacerda, se notabilizou ao levar GV ao suicídio e Jango à deposição.

Eles sumiram nas décadas que se seguiram ao Golpe de 64, por serem desnecessários. O Estado – com os incríveis privilégios e mamatas à base de dinheiro público — estava ocupado pela plutocracia. Já não tinham serventia.

Voltaram quando Lula ganhou, a despeito de todas as concessões petistas fixadas na Carta aos Brasileiros.

Voltaram com o PT, assim como voltariam com qualquer outros partido que representasse ameaça às vantagens de séculos, como livre acesso aos cofres do BNDES e outras coisas do gênero.

Neste sentido, é bom entender que não é algo contra o PT e sim contra o risco, real ou imaginário, do fim das regalias.

Você pode identificar claramente o processo de retorno dos sicários.

O primeiro deles foi Diogo Mainardi, na Veja. Logo depois, também na Veja, mas na internet, apareceu Reinaldo Azevedo.

Não eram conhecidos na elite dos jornalistas, mas ganharam um espaço privilegiado porque se dispuseram a fazer a propaganda, disfarçada de jornalismo, das causas de quem quer que o Brasil continue do jeito que sempre foi.

Aos poucos foram chegando outros, e hoje são muitos.

É um processo curioso: quanto menos votos têm os representantes da plutocracia, mais colunistas da direita vão aparecendo. É como se houvesse a esperança de, uma hora, aparecer um novo Lacerda e resolver o problema.

Mas a sociedade brasileira está cansada de tanta desigualdade, e é difícil acreditar que as lorotas dos sicários vão ter algum resultado parecido com o que houve em 54 ou 64.

O Brasil merece ser uma sociedade nórdica, escandinava, em que ninguém seja melhor ou pior que ninguém por causa do dinheiro, e na qual não haja os abismos de opulência e de miséria.

Os sicários aos quais Trajano se referiu simbolizam o oposto de tudo que escrevi acima.

Desta vez, ao contrário de 54 e 64, não triunfarão – até porque a internet deu voz a quem não tinha e retirou a exclusividade monopolística e predadora dos que favelizaram o Brasil enquando acumulavam fortunas extraordinárias.

PS do Viomundo: Hoje a Folha de S. Paulo faz uma tentativa porca, bem ao estilo da Folha, de sugerir através de aspas que o jornalista da ESPN falou em nome do vice-presidente do PT, com o objetivo de nomear uma suposta “lista negra” de jornalistas inimigos da pátria. O fato é que os nomeados são, sim, semeadores do ódio. Basta ler o que escrevem. Inicialmente o ódio deles se voltou, entre outros alvos, contra jornalistas que ousaram discordar dos donos da mídia, notadamente, lá atrás, Luís Nassif e Mino Carta. Depois, foram alvos todos os blogueiros. Ou seja, reclamam de terem sido nomeados justamente aqueles que nomearam e tentaram assassinar o caráter de muitos colegas. Nossa total solidariedade a José Trajano, que foi impedido de trabalhar por seguidores dos semeadores de ódio.

segunda-feira, 23 junho, 2014 Posted by | Repassando... | , , | Deixe um comentário