Livre pensar é só pensar!

Para não desligar os neurônios

Comentário a respeito de Belchior…

O Belchior que a crítica vulgar não viu

Canções do compositor cearense debateram, desde os anos 1970, a alienação, as relações mercantis e a própria indústria cultural. Mas alguns procuraram enquadrá-lo como apenas um rapaz romântico

Belchior critica vulgar política sociologia
Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, cantor e compositor brasileiro (reprodução)

Alberto Sartorelli, Outras Palavras

Que tal a civilização
Cristã e ocidental…
Deploro essa herança na língua
Que me deram eles, afinal.
– BELCHIOR, “Quinhentos anos de quê?”
(Bahiuno, 1993)

A imagem de Belchior vendida pela indústria cultural é a do artista brega, de voz fanha e bigodão – uma figura! Poucos prestam atenção nas letras. A forma simples de suas canções possibilitou sua assimilação pela indústria fonográfica, que criou-lhe uma imagem caricata e reproduziu suas músicas em massa, entre shows, premiações e programas de auditório, fazendo tábula rasa de seu conteúdo crítico. Belchior foi reduzido a um mero cantor romântico.

Em estética, o artista engajado politicamente deve escolher entre dois caminhos: o da forma artística de difícil assimilação – e remuneração! – para o público e para a indústria cultural; ou o da forma mais simples, de fácil assimilação do público e do show business. Ambas as opções estão fadadas ao silêncio político: uma não apela, a outra tem seu apelo anulado pela caricaturização. No fim, a indústria cultural impede que qualquer artista seja levado muito a sério, por seu ostracismo ou por sua redução a uma imagem vendável.

A especificidade de Belchior é a sua consciência perante esse processo todo. “Aluguei minha canção / pra pagar meu aluguel / e uma dona que me disse / que o dinheiro é um deus cruel / […] hoje eu não toco por música / hoje eu toco por dinheiro / na emoção democrática / de quem canta no chuveiro / faço arte pela arte / sem cansar minha beleza / assim quando eu vejo porcos / lanço logo as minhas pérolas” (TOCANDO POR MÚSICA, Melodrama, 1987).

Belchior demonstra uma compreensão total do processo de nivelamento – por baixo – da cultura por parte da indústria cultural, dificultando demasiado a ocorrência de composições com alto grau de complexidade – os artistas que se propõem a tal correm sempre o risco da miséria material e do esquecimento. Os próprios arranjos dos discos de Belchior são bem simples, com o teclado tendendo ao “engraçado”. Não é da mesma maneira em relação às letras, sempre de uma profundidade abissal e crítica ácida.

Belchior, antes de músico no sentido geral, é um compositor de canções. Cada autor encontra uma forma para se expressar: o ensaio filosófico, a pintura não-figurativa, a ópera, a canção. A canção foi a forma adequada que Belchior encontrou para transpassar seus pensamentos. É preciso ter em mente, ao pensarmos a obra de Belchior, um autor de vasta erudição, de poesia refinadíssima, conhecedor das línguas latinas e da literatura clássica, e um artista engajado politicamente de maneira radicalíssima. A partir da forma canção, Belchior oferece uma visão do Brasil e do mundo que pouquíssimos filósofos nascidos em nossas terras puderam vislumbrar. Como diz Nietzsche, o homem verdadeiramente de seu tempo sempre está à frente de seu tempo. É o caso de Belchior.

Uma das críticas mais ferrenhas do cancionista sobralino é contra a arte alegre, moda da época nos anos 1960-70. O filósofo Theodor Adorno, em sua Teoria Estética (1969) diz que a arte se utiliza de elementos da vida enquanto seus materiais; se a vida social é cindida pela divisão do trabalho, que separa o homem de sua produção e da natureza, e impede a felicidade enquanto reconhecimento recíproco entre sujeito e objeto, a arte que imita essa vida deve ser triste, como a própria vida. A arte alegre seria, então, ideológica, uma falsa verdade. A Bahia alegríssima de Caetano Veloso dos anos 1970 (a triste é de Gregório de Matos) não passa de logro, ilusão. “Veloso / o sol não é tao brilhante pra que vem / do norte / e vai viver na rua” (FOTOGRAFIA 3X4, Alucinação, 1976). Surpreendente o jogo de ambiguidade: “veloso” pode ser tanto um adjetivo do Sol, velando pelo migrante e suas dificuldades na metrópole, ou assumir outro sentido completamente oposto, identificado com o próprio Caetano enquanto imperativo moral – “Veloso (Caetano), veja!, para quem sofre, o sol não é tão brilhante quanto dizes”. Ou então esta outra: “Mas trago de cabeça uma canção do rádio / em que um antigo compositor baiano me dizia / tudo é divino / tudo é maravilhoso / […] mas sei que nada é divino / nada, nada é maravilhoso / nada, nada é sagrado / nada, nada é misterioso, não” (APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, Alucinação, 1976).

Chamado de “antigo”, pois já havia deixado de ser vanguarda e caído no pop, encontramos mais uma crítica a Caetano e sua composição “Divino Maravilhoso” (1968), em parceria com Gilberto Gil e que foi imortalizada na voz de Gal Costa. Vale notar, sem dúvida, que a crítica de Belchior a Caetano provém de alguma admiração: em entrevista ao Pasquim em 1982, Belchior diz que Caetano Veloso é o melhor letrista da MPB, “o autor da modernidade musical no Brasil”. Todavia, é com enorme verve materialista que ele fortemente rebate a letra de Caetano – “nada é divino, maravilhoso, sagrado, misterioso!”

O materialismo é um dos fundamentos da música de Belchior. Seus grandes inimigos são os escapistas, os fugidios, aqueles que diante de crenças metafísicas falam de uma vida reconciliada, feliz. Musicalmente representada na Tropicália, essa ideia era disseminada pelos hippies, com a cabeça feita por alucinógenos e um mix de espiritualidade. A resposta do materialista é ácida [sic]. “Eu não estou interessado em nenhuma teoria / em nenhuma fantasia / nem no algo mais / nem em tinta pro meu rosto / oba oba, ou melodia / para acompanhar bocejos / sonhos matinais / eu não estou interessado em nenhuma teoria / nem nessas coisas do oriente / romances astrais / a minha alucinação é suportar o dia-a-dia / e meu delírio é a experiência / com coisas reais” (ALUCINAÇÃO, Alucinação, 1976). É como se Belchior dissesse que não é por estar num registro de experiência desconhecido que essa experiência é necessariamente divina; especular metafisicamente sobre isso não passa de teoria vazia. E que o importante não é o plano espiritual, mas este aqui, o da miséria e do sofrimento, a realidade empírica e social.

Aos 29 anos em 1976, quando do lançamento do álbum Alucinação, Belchior teve o tempo, a maturidade e o olhar aguçado para ver a dissolução do sonho pacifista de liberdade. Os libertários de outrora logo se tornaram os burgueses. “Já faz tempo / eu vi você na rua / cabelo ao vento / gente jovem reunida / na parede da memória / esta lembrança é o quadro que dói mais / minha dor é perceber / que apesar de termos feito / tudo, tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos / como os nossos pais / […] e hoje eu sei / que quem me deu a ideia / de uma nova consciência e juventude / está em casa guardado por Deus / contando seus metais” (COMO OS NOSSOS PAIS, Alucinação, 1976). É curioso notar que foi exatamente “Como os nossos pais”, na magnífica voz de Elis Regina, a canção que colocou Belchior de fato no mercado fonográfico.

O radicalismo político de Belchior tem seu principal fundamento na crítica do dinheiro em si e do trabalho alienado, uma crítica mais profunda do que a mera crítica do capitalismo. O dinheiro é tratado enquanto fetiche e abstração, mas também enquanto necessidade material e fonte da corrupção moral. “Tudo poderia ter mudado, sim / pelo trabalho que fizemos – tu e eu / mas o dinheiro é cruel / e um vento forte levou os amigos / para longe das conversas / dos cafés e dos abrigos / e nossa esperança de jovens / não aconteceu” (NÃO LEVE FLORES, Alucinação, 1976). E é o trabalho aquilo separa o homem da natureza, exterior e interior, desumanizando-o. “E no escritório em que eu trabalho e fico rico / quanto mais eu multiplico / diminui o meu amor” (PARALELAS, Coração Selvagem, 1977). Por isso, o aspecto político da obra de Belchior ultrapassa a defesa do socialismo centralista ou qualquer outro sistema que envolva a burocracia. O problema é um problema fundamental, primeiro, filosófico: a civilização. “Aqui sem sonhos maus, não há anhanguá / nem cruz nem dor / e o índio ia indo, inocente e nu / sem rei, sem lei, sem mais, ao som do sol / e do uirapuru” (NUM PAÍS FELIZ, Bahiuno, 1993). Profundo como um antropólogo anarquista, um Pierre Clastres da canção, a crítica mira o fundamento da coisa: a racionalidade ordenadora, dominadora, instrumental, como fora notado por Adorno e Horkheimer na Dialética do Esclarecimento (1946).

Belchior faz as denúncias fundamentais; sua arte é hegemonicamente negativa. Todavia, há um resquício de esperança nessa visão do Apocalipse, mesmo que a esperança fale sobre o que não deve ser. Nada absurdo para o cancionista sobralino, pois para ele a sociedade é ruim por excesso, não por falta. “Não quero regra nem nada / tudo tá como o diabo gosta, tá / já tenho este peso / que me fere as costas / e não vou, eu mesmo / atar minha mão / o que transforma o velho no novo / bendito fruto do povo será / e a única forma que pode ser norma / é nenhuma regra ter / é nunca fazer / nada que o mestre mandar / sempre desobedecer / nunca reverenciar.” (COMO O DIABO GOSTA, Alucinação, 1976). “Como o diabo gosta” deveria ter sido um hino da liberdade; passou despercebida, sem ninguém contestar a “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré, 1968) o posto de canção de protesto.

Para Belchior, as palavras são um instrumento de luta política, do despertar da consciência contra a opressão e seus mecanismos ideológicos. “Se você vier me perguntar por onde andei / no tempo em que você sonhava / de olhos abertos, lhe direi / amigo, eu me desesperava / […] e eu quero é que esse canto torto feito faca / corte a carne de vocês” (A PALO SECO, Alucinação, 1976). Para tal intento, sua canção deve ter um quê de dissonância para com o sistema estabelecido, e em vez de cantar as “grandezas do Brasil”, tem de denunciar os horrores de uma sociedade civil falida. “Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve / correta, branca, suave / muito limpa, muito leve / sons, palavras, são navalhas / e eu não posso cantar como convém / sem querer ferir ninguém / mas não se preocupe meu amigo / com os horrores que eu lhe digo / isso é somente uma canção / a vida realmente é diferente / quer dizer / a vida é muito pior” (APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, Alucinação, 1976). Se a arte é a mímese da vida, toda arte, por mais verdadeira que seja enquanto parte, não dá conta do todo. A realidade é pior do que a tristeza que a arte transpassa, e pior do que o pesadelo em sonho. É essa realidade que importa mudar.

Um mecanismo utilizado nas letras e nas melodias de Belchior é o da aproximação perante o ouvinte. Cearense, migrante, que na cidade grande sofreu, tocou em puteiros, foi explorado para “fazer a vida”. “Pra quem não tem pra onde ir / a noite nunca tem fim / o meu canto tinha um dono e esse dono do meu canto / pra me explorar, me queria sempre bêbado de gim” (TER OU NÃO TER, Todos os sentidos, 1978). É assim, por meio de sua experiência de vida trash, que Belchior realiza o approche para com o ouvinte. Ritmo simples e letra aguda, essa foi a aposta do cancionista para a politização da massa. “A minha história é talvez / é talvez igual a tua / jovem que desceu do norte / que no sul viveu na rua / que ficou desnorteado / como é comum no seu tempo / que ficou desapontado / como é comum no seu tempo / que ficou apaixonado e violento como você / eu sou como você que me ouve agora” (FOTOGRAFIA 3X4, Alucinação, 1976). Ao dizer “eu sou como você”, Belchior almeja arrebatar o outro como identidade, e trazer à tona a revolta contra a opressão; seu público – alvo, escolhido a dedo, não é o intelectual burguês letrado, mas o pobre que vai ao boteco depois da jornada de trabalho; ele o reconhece como indivíduo ativo a ser despertado: o sujeito revolucionário. Mas é claro que a indústria cultural fez de tudo para anular esse conteúdo: em plena ditadura militar, transformaram Belchior numa personagem caricata, num astro romântico, o galã de “Todo sujo de batom” (Coração Selvagem, 1977).

Belchior sabe, desde muito tempo, que “Eles venceram / e o sinal está fechado pra nós / que somos jovens” (COMO OS NOSSOS PAIS, Alucinação, 1976). Mesmo assim, não foi em vão seu esforço: além de todas as canções citadas até agora, ainda há muitas outras de conteúdo crítico ferrenho, como por exemplo “Pequeno perfil de um cidadão comum” (Era uma vez um homem e seu tempo, 1979), uma epopeia sem o elemento épico, que fala de como é vã a vida do sujeito raso, de gosto pouco refinado, cuja finalidade é voltada ao trabalho; “Arte Final” (Bahiuno, 1993), grande canção sobre tudo aquilo que deveria ter acontecido e não aconteceu; ou “Meu cordial brasileiro” (Bahiuno, 1993), que identifica a tese do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Hollanda (Raízes do Brasil, 1936), o elemento diferenciador do brasileiro, com o aspecto consentido do nosso povo perante a política e o trabalho. Belchior teve sua poesia impregnada pela frustração de não ter podido colocar em prática o projeto por um mundo melhor, e sua música é mais verdadeira e mais revolucionária por isso: não promete a felicidade, mas escancara a impossibilidade dela no estado de coisas vigente.

No fim, em meio a essa cena sombria, nos tempos dele e no nosso tempo de agora, ainda há alguma esperança. Para Belchior, mais importante do que a filosofia ou a arte é a vida. “Primeiro o meu viver / segundo este vil cantar de amigo” (AMOR DE PERDIÇÃO, Elogio da Loucura, 1988). Sua filosofia é oposta à de Caetano: se para o compositor baiano, quem “mora na filosofia” está separado dos sentimentos humanos, a filosofia de Belchior provém da experiência; é pensamento vivo. “Deixando a profundidade de lado / eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia / fazendo tudo de novo / e dizendo sim à paixão / morando na filosofia” (DIVINA COMÉDIA HUMANA, Todos os sentidos, 1978).

Marcado no cancioneiro latino-americano como uma de suas grandes vozes, Belchior foi um mestre da poesia. Foi assimilado pela indústria cultural, de fato, como Mercedes Sosa ou Che Guevara. Ele se jogou na contradição da música popular, assim como qualquer um se joga nas contradições da lógica do trabalho. Assimilado, mas não rendido. “Marginal bem sucedido e amante da anarquia / eu não sou renegado sem causa” (LAMENTO DE UM MARGINAL BEM SUCEDIDO, Bahiuno, 1993). Não é por ter sido reproduzido e veiculado pela indústria cultural que Belchior perdeu totalmente a sua virulência: ela se mantém viva em ouvintes atentos que, como nós, encontram nele uma manifestação da consciência de seu tempo, e mais: a esperança de um mundo melhor, inteiramente outro. Por agora, o importante é viver. “Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa / e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza / sempre é dia de ironia no meu coração” (NÃO LEVE FLORES, Alucinação, 1976). Belchior, como Nietzsche, diz sim à vida, apesar de tudo, e talvez por isso tenha caído fora dessa loucura midiática que é a vida de um artista famoso sempre sob os holofotes.

Em relação às dúvidas acerca de seu paradeiro, que me perdoem os escandalizados, mas a letra já estava dada há muito tempo. “Saia do meu caminho / eu prefiro andar sozinho / deixem que eu decido a minha vida” (COMENTÁRIO A RESPEITO DE JOHN, Era uma vez um homem e seu tempo, 1979).

quarta-feira, 28 setembro, 2016 Posted by | Repassando... | , | Deixe um comentário

Denuncia-se o que os golpistas não consideram vir ao caso. Dominado Brasil…

Intelectuais e Mantega: a polícia política voltou!

E a Globo curou o câncer da mulher dele… – PHA
publicado 25/09/2016
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Como se sabe, a sordidez da prisão do Ministro Mantega se fez acompanhar da canalhice da Globo, que curou o câncer da mulher do Mantega.

Tudo isso devidamente “legitimado” pelos novos redatores do AI-5, os do 13 a 1 a favor do Moro.

Como dizem os respeitados intelectuais abaixo: a ditadura está de volta!

Intelectuais perguntam: Quem vai limitar arbitrariedades da Lava Jato?

Nota pública em defesa da ordem constitucional, em desagravo a Guido Mantega

A ordem pública brasileira vem sendo ameaçada sistematicamente por aqueles que deveriam protegê-la.

O direito ao protesto coletivo vem sendo coibido por intervenções provocativas, abusivas e desproporcionais por parte da Polícia Militar, como se a velha polícia política das ditaduras estivesse de novo às soltas.

Ano a ano, cidadãos brasileiros invisíveis são conduzidos coercitivamente a depoimentos – ou algo pior — sem serem intimados pela justiça.

Quando o espetáculo da acusação sem prova e da condução sem intimação é exibido deliberadamente por agentes da lei, na persecução de objetivos estranhos à ordem jurídica e da publicidade sem limites, a cultura da arbitrariedade expõe suas entranhas.

O caráter republicano e isento da Operação Lava-Jato já foi posto à prova, e reprovado, inúmeras vezes.

Há seis meses, o evento da condução coercitiva do cidadão Luís Inácio Lula da Silva, que não resistiu a uma intimação judicial porque sequer foi intimado, parecia marcar o auge na exposição pública da arbitrariedade dos que o perseguiam, levando a uma reação firme, e republicana, de uma sociedade que já escolheu em que regime de garantias civis e políticas quer viver.

O episódio da prisão do professor e economista Guido Mantega levou o arbítrio a novos limites.

A fragilidade da acusação e a desproporção da ação tornaram-se ainda mais evidentes por causa de sua coincidência com a presença do acusado em um centro cirúrgico, acompanhando a esposa enferma.

O professor e economista Guido Mantega deu mostras de dedicar-se à coisa pública de modo republicano.

É um homem público de endereço conhecido e não representa qualquer ameaça à ordem pública.

O mesmo não pode ser dito de seus perseguidores.

Se fosse necessário prender Guido Mantega para recolher possíveis provas, por que foi possível soltá-lo tão rapidamente depois que a sociedade conheceu o absurdo de sua prisão, sob alegação de que as diligências para coleta de documentos não seriam prejudicadas se fosse solto?

Se não seriam, por que foi expedida a ordem original de prisão desde logo?

Como todo brasileiro, Guido Mantega merece o respeito de suas garantias constitucionais.

O combate à corrupção não pode ser um pretexto para corromper a Constituição, autorizar a perseguição política e inflar vaidades de juízes, procuradores e policiais.

Quem vai limitar a arbitrariedade da força-tarefa da Operação Lava-Jato e do juiz Sérgio Moro?

É a pergunta que fazem os cidadãos que, abaixo, subscrevem este documento em defesa da ordem constitucional e contra mais um golpe às instituições democráticas.

Luiz Gonzaga Belluzzo – Professor Titular de Economia — Unicamp

 Marilena Chauí — Professora Titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP

 Maria da Conceição Tavares — Professora emérita da UFRJ e da Unicamp
Luís Carlos Bresser-Pereira — Professor Titular de Economia – FGV

 Tereza Campello – Economista e Ex-Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome da presidenta Dilma Rousseff

 Eleonora Menicucci Oliveira — Profa Titular de Sociologia da Unifesp e ex-Ministra de Politicas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff

 Pedro Paulo Zahluth Bastos — Professor Associado (Livre Docente) – Economia — Unicamp

 Theotonio dos Santos — Professor Visitante da UERJ e Professor Emérito da UFF

Ladislau Dowbor – Professor Titular de Economia — PUC-SP

 Eleuterio F. S. Prado — Professor Titular de Economia da USP

 Walquiria Domingues Leão Rêgo — Socióloga e professora titular da Unicamp

Gilberto Maringoni — Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC)

 Hermano de Medeiros Ferreira Tavares — Professor Titular (aposentado) — Faculdade de Engenharia Elétrica – e ex-reitor da Unicamp

 Nelson Rodrigues dos Santos – Professor Titular – Faculdade de Ciências Médicas — Unicamp

 Luiz Carlos de Freitas — professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas — Unicamp

Marcio Pochmann – Professor IE/Unicamp

Itala M. Loffredo D’Ottaviano — Professor Titular em Lógica, Unicamp

 João Quartim de Moraes – Professor Titular de Filosofia – Unicamp

 Joaquim Palhares — Carta Maior

 Lena Lavinas – Professora Titular de Economia (UFRJ)

 Maria de Lourdes Rollemberg Mollo – Professora Titular da UNB

 Antonio Prado – Secretário Executivo Adjunto da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL)

 Magda Barros Biavaschi – advogada, ex-Desembargadora ap. TRT4.

Antonio Correa de Lacerda – Economista – Professor PUC-SP

 Matías Vernengo — Professor of Economics, Bucknell U. — Co-editor, Review of Keynesian Economics

 Rosa Maria Marques, professora titular do Departamento de Economia e do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política da PUCSP e presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde

 Sebastião Velasco e Cruz — Professor Titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp

Wladimir Pomar – Jornalista e escritor

 Armando Boito Jr. – Professor do Departamento de Ciência Política – Unicamp

 Laurindo Lalo Leal Filho — Professor da ECA/USP

 Maria Rita Loureiro — Professora titular da FEA/USP e FGV/SP

 Alfredo Saad Filho – SOAS, University of London

Maryse Fahri – Professora IE/Unicamp

 Giorgio Romano Schutte — Professor de Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC)

 Gastão Wagner de Sousa Campos — Professor Livre-Docente, Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Estadual de Campinas

 Frederico Mazzucchelli – Professor IE/Unicamp

Nelson Marconi – Economista – FGV

Carlos Aguiar de Medeiros – Professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Clemente Ganz Lucio – Economista

Ricardo Musse — Departamento de sociologia da USP

 Valter Pomar — Professor da UFABC

Carlos Berriel – Professor do IEL/Unicamp

Fernando Nogueira da Costa – Professor IE – Unicamp

 Vanessa Petrelli Corrêa — Professora Titular IE – UFU

 Hugo Gama Cerqueira — Professor do Cedeplar, Universidade Federal de Minas Gerais

Rubem Murilo Leão Rêgo — Sociólogo e professor da Unicamp

 Wolfgang Leo Maar — Professor titular da UFSCar

 Tatiana Berringer — Professora Adjunta da Universidade Federal do ABC

 Márcia Mendonça — Instituto de Estudos da Linguagem — IEL – Unicamp

 Adriano Codato – Cientista Político – Professor UFPR

 Cristina Fróes de Borja Reis — Professora adjunta da Universidade Federal do ABC

Daniela Magalhães Prates – Professora do IE/Unicamp

 Hildete Pereira de Melo — Professora associada da UFF

 Claudio Salm – Professor de Economia UFRJ

 Marcelo Milan — Professor de Economia e Relações Internacionais, UFRGS

Rubens Sawaya — Economista, professor da PUCSP

Anna Christina Bentes — Departamento de Lingüística, Instituto de Estudos da Linguagem — Unicamp

 Humberto Miranda — Professor do IE e Pesquisador do CEDE/Unicamp

 Reginaldo Moraes – Professor de Ciência Política — Unicamp

 Eduardo Fagnani – Professor IE/Unicamp

 Alcides Goularti Filho — UNESC/CNPq

Daniela S. Gorayeb – Professora Facamp

Marcus Ianoni Ciência Política — UFF

 Adriana Nunes Ferreira — Professora do IE/Unicamp

 Francisco Luiz C. Lopreato — Professor IE/Unicamp

 José Eduardo Roselino – Professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)

 Guilherme Mello – Professor IE/Unicamp

 Marco Antonio Martins da Rocha – IE/Unicamp

 Alexandre de Freitas Barbosa — Professor de História Econômica e Economia Brasileira – Instituto de Estudos Brasileiros — Universidade de São Paulo (IEB/USP)

 Luiz Fernando de Paula — Professor titular da FCE/UERJ

Lauro Mattei — Professor de Economia da UFSC

 Elza Cotrim Soares – Professora Titular – Faculdade de Ciências Médicas – Unicamp

 Fernando Sarti — Professor do Instituto de Economia da Unicamp

Jorge Felix — Professor PUC-SP

Julia de Medeiros Braga — Professora UFF

Rosangela Ballini – Professora IE – Unicamp

 Maria Fernanda Cardoso de Melo — Professora da Facamp

 André Biancarelli – Professor do IE/Unicamp

Raquel Rangel de Meireles Guimarães – Professora da UFPR

Cláudia Tessari — Professora, Universidade Federal de São Paulo

Ricardo de Medeiros Carneiro – Professor IE/Unicamp

 Antonio José de Almeida Meirelles — Professor Titular da Faculdade de Engenharia de Alimentos/Unicamp

Pedro Rossi – Economista e Professor – Unicamp

 Fernando Augusto Mansor de Mattos – Professor UFF

Flávia Vinhaes — Professora de Economia — UCAM e técnica IBGE

Ceci Juruá – Economista

 Walter Belik — Professor IE / Unicamp

Pedro Vieira — Professor do Programa de Pós-Graduação em Rel Internacionais-UFSC

Nádia Farage — Professora colaboradora DH-IFCH, Unicamp.

 Carlos Pinkusfeld Bastos – Professor IE – UFRJ

 Waldir Quadros – Professor IE/Unicamp

 Simone Deos — Professora, IE-Unicamp

 Fábio Eduardo Iaderozza — Professor de Economia da Facamp e do Centro de Economia e Administração da PUC Campinas (CEA)

Rodrigo Vianna — Jornalista e historiador (USP)

 Ana Luíza Matos de Oliveira – Doutoranda IE/Unicamp

 Adriana Aparecida Quartarolla – Doutoranda em Linguística na Unicamp e professora de Língua Portuguesa na FACAMP

 Marcelo Manzano – Professor FACAMP

 Lygia Sabbag Fares Gibb – Professora universitária e doutoranda IE/Unicamp

 Beatriz Freire Bertasso – Professora Facamp

Darci Frigo, advogado — Terra de Direitos

Artur Scavone – Jornalista

 Benedito Ferraro — PUC-Campinas

Sávio Machado Cavalcante – Professor de Sociologia (IFCH/Unicamp)

 Juliana Pinto de Moura Cajueiro – Facamp

 Roberta Gurgel Azzi – professora

 Miguel Henrique Russo — professor

segunda-feira, 26 setembro, 2016 Posted by | Repassando... | , | Deixe um comentário

Nem os que dão algum valor ao MPF, concorda com a encenação contra Lula…

As acusações contra Lula e a contrarreforma

lula rui falcão

Por Luiz Eduardo Soares, antropólogo, escritor, dramaturgo e professor de filosofia política da UERJ. Foi secretário nacional de segurança pública e coordena curso sobre segurança pública na Universidade Estácio de Sá. Seu livro mais recente é “Rio de Janeiro; histórias de vida e morte” (Companhia das Letras, 2015).

O Ministério Público Federal, atuando no Paraná, entendeu que o ex-presidente Lula é o chefe de um organização criminosa que assaltou o Estado brasileiro. Os procuradores fundamentaram sua conclusão em três interpretações dos fatos identificados nas investigações: 1) indivíduos que desempenharam funções públicas favoreceram interesses privados, em troca de propinas milionárias, as quais foram divididas com outros indivíduos e partidos políticos. Entre os beneficiários estava o PT; 2) Os corruptos foram nomeados com o aval do presidente da República; 3) O presidente sabia o que faziam.

A intenção deste artigo é questionar esta acusação a Lula. Eu o faço com a autoridade moral de quem tem denunciado a corrupção dos governos petistas, desde antes do mensalão; de quem sempre defendeu a Lava-Jato e admira a competência, a coragem e a independência do procurador Deltan Dallagnol.

Começo, indagando: em qual governo da República esses três fatos não ocorreram? Essa é a lógica do patrimonialismo, marca permanente de nossa história, sob formatos distintos. Depois da transição da ditadura para a democracia, consagrada pela Constituição de 1988, graças à sua característica híbrida, que mantém traços parlamentaristas, instaurou-se o sistema que Sergio Abranches denominou presidencialismo de coalizão. A prática desde a origem degradou-se em exercício patrimonialista modernizado, marcado pela distribuição de cargos que funcionam como portas de acesso a recursos e como senhas para negociações nada republicanas com interesses privados.

Durante a ditadura, orientados pelos corruptólogos de plantão e mapeadas as fontes mais férteis, agiam impunemente, sob as asas de protetorados militares. Formaram-se nichos civil-militares, articulando o mundo dos negócios a protagonistas do submundo político. Turbinaram-se carreiras individuais, nuclearam-se ilustres empresariais corruptos.

Na democracia, a distribuição de poder e de acesso a áreas vulneráveis à predação venal seguiu lógica diversa, deu-se às claras, sob maior controle, revestida de vocabulário político, ainda que o ato propriamente corrupto permanecesse refratário à transparência, é óbvio.

Até o julgamento do mensalão e a instalação da Lava-Jato, o que, de substancial, fizeram as instituições da Justiça criminal ante a continuidade das dinâmicas corruptas, erodindo o erário e a legitimidade do Estado? O Congresso nacional, curiosamente, talvez tenha punido mais que a Justiça: lembremo-nos de Collor e dos anões do orçamento.

A corrupção no varejo e no atacado prosperou e naturalizou-se, amparada pela tradição patrimonialista e pela unilateralidade das ações punitivas da Justiça em nossa sociedade tão profundamente desigual e racista.

Sem dúvida, o reconhecimento de que a corrupção em grande escala tem sido uma constante não é suficiente para inocentar seus praticantes. Mas oferece uma linha argumentativa poderosa para questionar a acusação a Lula.

Quem já atuou no Estado ou estuda ciência política sabe como são limitados os poderes do chefe de Estado, mesmo em nosso presidencialismo, fortalecido pela emissão de medidas provisórias. Em última análise, o presidente é o responsável político pelo conjunto de seu governo, mas não pode ser criminalmente responsabilizado pelas ações de seus membros. Ainda que se suponha que o presidente saiba e tenha de saber o que acontece, não há como ser onisciente. Mesmo que ele tenha nomeado personagens evidentemente vocacionados para o exercício de mediações corruptas, ou tenha terceirizado a deputados, senadores ou dirigentes partidários nacos da máquina pública, só lhe poderiam ser imputadas as responsabilidades pelos atos finais se os vínculos entre esses atos e a vontade expressa do presidente fossem evidentes ou superassem a esfera das hiper-mediadas trocas políticas.

Além disso, a ideia de sistema, subjacente à aplicação da categoria “crime organizado”, é uma falácia, porque não passa de tautologia: há um chefe, uma fonte suprema de coordenação, porque se trata de um sistema e trata-se de um sistema porque os atos servem a um chefe supremo, a um interesse. Entretanto, resta provar se há sistema e se há uma coordenação.

Os diversos atos corruptos geram recursos destinados a variados destinatários: indivíduos, empresas e partidos. Essa miríade fragmentária e varejista só forma uma constelação plenamente articulada quando se lhe atribui unidade e inteligibilidade, qualidades supostamente derivadas da identificação de um único interesse superior e de um mega-líder, onisciente, ubíquo e onipotente. Se os beneficiários são membros de partidos diferentes, do PSDB ao PMDB, passando pelo PP e outros, por que, ao fim e ao cabo, tudo confluiria apenas para realizar o interesse do PT e, assim, indiretamente, de Lula? Perpetuar-se no poder, lamentavelmente, foi o projeto de todos os partidos que chegaram ao poder.

Contudo, nada mais tosco do que deduzir do fortalecimento e enriquecimento do PMDB, vantagens para o PT. A vantagem era o apoio político circunstancial que o PT obtinha no momento da nomeação dos indicados pelo partido, mas os efeitos, estes sim dependentes da realização dos atos criminosos, poderiam empoderar o PMDB, tornando-o mais ameaçador, ampliando seu poder de chantagem, o que implicaria a redução do poder do PT. Se o PT é beneficiário último de alguns dos atos, isso não significa que o conjunto dos atos se relacionem entre si formando um sistema, regido pela afirmação de um interesse único, o qual, por sua vez, só proviria da vontade de um comandante individual, o chefe supremo, o presidente. E vejam bem um detalhe relevante: se o móvel foi antes a chantagem do que a iniciativa venal do presidente, a hipótese de dolo estaria anulada. Há crime doloso na reação a chantagem?

Aquilo que foi chamado “propinocracia” qualifica nosso país, infelizmente, mas não distingue o governo Lula dos demais, mesmo que a escala tenha aumentado, na exata medida em que o país cresceu. A impressão de que nunca antes na história desse país houvera esquema comparável resulta menos da realidade do que da elogiável existência da Lava-Jato –tentativas anteriores foram sabotadas, como a operação Castelo de Areia, recordemo-nos.

A acusação de que Lula seria chefe-de-quadrilha é frágil e precipitada. As outras ainda aguardam comprovações mais substanciais –ainda que me pareça patético que a história e o destino de um presidente que, com todas as contradições, mudou o Brasil para melhor, estejam em causa por conta de um apartamento, um sítio e a guarda de mobiliário. Claro que ninguém está acima da lei e é evidente que crimes, uma vez provados, exigem punição. Nesse caso, entretanto, não há provas definitivas. Como diz o próprio procurador Henrique Pozzobon, não existe “prova cabal” de que Lula seja “proprietário no papel” do apartamento no Guarujá. Minha perplexidade nasce, entretanto, do seguinte: por que a obsessão em demonstrar a ilegalidade do apartamento e a omissão relativamente às acusações que pesam sobre os líderes do PMDB e do PSDB, ora no poder, a começar por Michel Temer?

Estamos diante da seletividade do sistema de Justiça criminal, que no dia a dia reproduz e aprofunda a desigualdade no acesso à Justiça. No caso em exame, a lógica se realiza numa esfera que a torna mais perceptível. É preocupante que o Ministério Público, guardião dos direitos, atue, aqui, como indutor da lógica seletiva. Isso confere autoridade às vozes que criticam o MP em nome da garantia de direitos, mesmo quando alguns o fazem com interesses velados e perversos. É necessário salvar a Lava-Jato de si mesma. Os erros não devem nos levar a jogar fora a criança com a água suja do banho. O papel da operação tem sido fundamental para a renovação da política e a expansão da confiança popular na Justiça, sem a qual não há democracia.

O problema é que o erro cometido pela Lava-Jato tende a esvaziá-la, subtrair-lhe credibilidade e apoio social. Não creio que tenha havido essa intenção, ainda que haja estranhas manobras na intimidade da operação: por que a revista Veja vazou uma referência absolutamente irrelevante de Leo Pinheiro ao ministro Toffoli, uma não-notícia por qualquer critério? No dia seguinte, Dr. Rodrigo Janot, procurador geral, cancelou a delação premiada, na qual Pinheiro denunciara Temer. Tampouco creio que Janot deseje cercear a Lava-Jato e mitigar seus efeitos, mas não duvido de segundas intenções da Veja.

Quais as consequências da acusação de que Lula seria chefe de quadrilha? A primeira e provavelmente mais importante é clara: prendendo, aniquilando, inviabilizando politicamente Lula, desqualificado como o rei do crime, o campeão da imoralidade pública, o Brasil estaria livre da corrupção, pelo menos de suas manifestações mais relevantes, e poderia retomar a normalidade democrática. E Michel Temer poderia, enfim, ao lado da máfia do PMDB, principal matriz da corrupção, cumprir a missão histórica que as elites econômicas lhe conferiram: sob aplausos da grande mídia, passar o trator sobre direitos sociais, limites ambientais, políticas afirmativas. Em outras palavras, fazer o trabalho sujo para que o PSDB herde os escombros e, sem resistências e obstáculos, afirme a nova ordem de um capitalismo sem freios, mais brutal.

Segunda consequência: artigos como este seriam vistos como defesa da corrupção; autores críticos do PT, como o signatário, perderiam legitimidade para denunciar Temer, seu grupo e suas políticas, uma vez que estariam maculados pelo petismo patológico, pelo virus mortal do populismo.

Afastado o mal, aquietemo-nos para saldar o triunfo do bem. Tudo o que houve de positivo e virtuoso nos mandatos petistas (e houve, apesar do desgoverno Dilma) deve ser esquecido, negado, sepultado. A memória das conquistas está conspurcada. Esquerda, nunca mais. Chegou a hora da contrarreforma.

O que está em jogo, portanto, não é apenas o destino de um ex-presidente, é o futuro da democracia no Brasil.

terça-feira, 20 setembro, 2016 Posted by | Repassando... | | Deixe um comentário

Eis aí a verdade sobre os cães da Dilma, para calar os canalhas caluniadores

O que Dilma fez com seus cães

O que cães fizeram com Dilma
publicado 12/09/2016

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Nego teve que ser sacrificado

“Canalha”, de 61 canalhas, na acepção de Tancredo Neves, vem do italiano “canaglia”, que, por sua vez, vem do latim “canis” e de “lia”, que dá ideia de muita gente, em tom pejorativo; muita gente que não presta.

“Canalha” é sinônimo de infame, miserável, vil, velhaco, desonesto, desprezível, ordinário.

Segundo Millôr Fernandes, “se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos”.

Por falar nisso, leia uma nota oficial da Presidenta deposta por 61 canalhas:

NOTA À IMPRENSA

A respeito das notas publicadas pela imprensa sobre a morte do cachorro Nego, a Assessoria de Imprensa de Dilma Rousseff esclarece:

1. Não procede a informação de que Dilma Rousseff tenha “abandonado” o labrador Nego, que ganhou de José Dirceu em 2005. Ao lado dos outros cães de estimação da ex-presidenta – todos adotados: os labradores Boni, Galego e Princesa, além da cadelinha Fafá –, Nego foi amado por Dilma e sua família desde que passou a viver com ela em Brasília, nos tempos em que era ministra-chefe da Casa Civil.

2. Animal de grande porte, com quase 1,70m, Nego tinha três anos de idade quando passou a viver com Dilma. Aos 14 anos, desde dezembro de 2015, vinha sofrendo. Além da idade avançada, foi diagnosticado pelo veterinário como portador de mielopatia degenerativa canina.

3. Sob cuidados e orientação do médico-veterinário, Dilma prolongou ao máximo que pode o conforto e as necessidades de Nego. Há dois meses, o médico recomendou que fosse abreviado o sofrimento do cão, um dos prediletos de Dilma. Relutante, ela adiou a decisão até pouco antes de deixar o Palácio da Alvorada, na semana passada, e mudar-se para Porto Alegre.

4. Dilma sempre teve amor por animais de estimação. Adotou Fafá quando percorria as ruas de Brasília em uma caminhada e encontrou a cadelinha abandonada no Lago Sul. A acolheu e passou a cuidar dela com amor, atenção e carinho. Fafá permanece com uma das tias da ex-presidenta, que a levou para Belo Horizonte, onde vai ficar até que Dilma a transfira para Porto Alegre, em novembro.

5. Já a labradora Princesa está com o ex-marido de Dilma, o advogado Carlos Araújo, em Porto Alegre. Quanto aos outros cães – os labradores Boni e Galego – Dilma optou por deixá-los com amigos que vivem em Brasília, porque não havia como levar os dois para morar no apartamento que tem em Porto Alegre.

ASSESSORIA DE IMPRENSA
DILMA ROUSSEFF

terça-feira, 13 setembro, 2016 Posted by | Repassando... | | Deixe um comentário

Alguém tem dúvidas quanto a isso?

Wanderley: a Lava Jato é uma charlatanice

Operada por publicitários!
publicado 09/09/2016
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Do prof Wanderley Guilherme dos Santos, “A Nova História do Brasil”, no Segunda Opinião:

Governo usurpado não ouve o que está na boca de todos. Ministros se desentendem, avançam, recuam e o mundo não lhes dá a menor bola. Milhares de pessoas vão às ruas e só a polícia as vê e espanca.

Criou-se um muro insuperável entre o que talvez já seja a absoluta avalanche da opinião pública e os filmetes de cinema mudo de Brasília. A solenidade inexpressiva do rosto de Michel Temer é lombrosiana: ele é oco. A autoridade pública privatizou-se, nenhuma pode ir à padaria. O Judiciário mal consegue esconder que a maioria julga por conveniência, arrotando erudição e má catadura.

A operação Lava Jato, agora indubitavelmente, converteu-se de investigação de crimes econômicos em charlatanice política. Volta e meia, com excepcional sentido de propaganda, ameaça comprovar as atividades facinorosas dos políticos do Partido dos Trabalhadores, sob a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua esposa e seus filhos, e até hoje, depois de promoverem sistemática campanha de calúnias, não conseguem demonstrar nem mesmo que a pecaminosa fortuna da família se materializa no sítio em certa cidade de Atibaia.

O tempo passa e os petulantes procuradores, que desprezam a representação popular, não provam nada, fora o desmantelamento da rede de predadores coordenada por Alberto Youssef e seus associados na Petrobrás. Todos soltos, como Youssef o será, breve.

A Lava Jato é uma fraude política, operada por publicitários.

O Brasil não é mais um país; é uma anedota mal cheirosa.

Ninguém sabe onde essa história vai parar.

sábado, 10 setembro, 2016 Posted by | Repassando... | | Deixe um comentário

O Beiçola indignado e desinformado…

Aragão e Dilma: Gilmar não leu Temer!

Dilma pode ser candidata a Presidente em 2018!
publicado 02/09/2016
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Eu vou conversar com Eugênio Aragão, que foi Ministro da Justiça da presidenta Dilma Rousseff.

O ministro do Supremo Gilmar Mendes disse que a decisão do Senado de preservar os direitos políticos da presidenta Dilma Rousseff foi uma decisão “bizarra”. É bizarra ou é legal?

Eugênio Aragão: Me parece que o ministro Gilmar Mendes não leu o livro de Direito Constitucional do presidente – agora presidente, investido no golpe – Michel Temer. Que, no seu livro mesmo, admite que o Senado pode ou não aplicar a pena da perda dos direitos políticos.

Deixa eu só ler aqui a citação… é muito interessante. O jurista Michel Temer, em sua obra “Elementos do Direito Constitucional”, em sua 22a. edição, segunda tiragem, na página 169, defende que: “o artigo 52, parágrafo 1 da Constituição fixa duas penas: a) pena de perda do cargo; e b) a inabilitação por oito anos para o exercício de função pública.”

E o que que ele diz a respeito disso? “A inabilitação para o exercício da função pública não decorre da perda do cargo. Não é pena acessória. Mas decorre da própria responsabilização, cujo julgamento é de natureza política, verdadeiro juízo de conveniência e oportunidade que não obriga o Senado, tipificada a hipótese de responsabilização, necessariamente a impor”.

Isso aqui, ipsis litteris, Michel Temer, na obra “Elementos do Direito Constitucional”. Então, tem alguma coisa errada aí. Quer dizer que a doutrina agora, também, é seletiva a sua aplicação? Não é isso? Nós temos já vazamentos seletivos, depois nós temos a indignação seletiva de Sua Excelência, e agora nós temos, também, a doutrina seletiva caso a caso.

Mas, para quem diz que ele não quis ofender os bêbados, quando falou mal da lei da ficha limpa…

Enfim, se isso não for um comportamento indecoroso, fora do esquema, fora do dever de decoro que a todo magistrado compete, o que será falta de decoro?

Então, isso não surpreende. Isso não surpreende. Partindo de quem partiu, não surpreende.

PHA: Ministro, por que não se pede o impeachment do ministro Gilmar?

Eugênio Aragão: Bom, aí é uma questão de ter gente pra fazer isso e de probabilidade de seu acolhimento no, vamos dizer… nesse ambiente político em que nós vivemos hoje. Não se esqueça que o ministro Gilmar Mendes, na segunda turma do STF, ele é um dos que julgam os agentes políticos envolvidos na Lava Jato. Não é isso?

Então, os agentes políticos envolvidos na Lava Jato, alguns deles no Senado, terão muito cuidado em querer desagradar o ministro Gilmar Mendes.

PHA: A presidenta Dilma Rousseff pode se candidatar a um cargo político? O cargo de senadora, por exemplo?

Eugênio Aragão: Pode. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum. No momento em que o Senado não aplicou essa pena à presidenta Dilma Rousseff… Agora este ano não, porque os prazos de registro já se encerraram? Mas, em 2018, sem dúvida nenhuma pode concorrer a qualquer cargo político.

PHA: Inclusive Presidente da República?

Eugênio Aragão: Inclusive Presidente da República.

PHA: O senhor acha que o Supremo, finalmente, vai se pronunciar sobre o mérito do impeachment?

Eugênio Aragão: Isso a gente não pode antecipar. Para nós, a tese é muito sólida, (diante) dos desvios que houve no curso do julgamento. Mas, enfim, eu não quero me manifestar. Como eu não tenho bola de cristal, não quero me manifestar sobre o que o Supremo pode fazer ou pode não fazer.

PHA: O senhor acredita que a decisão do Procurador Geral – e o senhor é um Procurador da República – de congelar ou fechar o processo de delação premiada de um líder da OAS tem o efeito prático, político de acabar com a Lava Jato, manter lá dentro da cadeia só os petistas e os não-petistas ficarem do lado de fora?

Eugênio Aragão: Olha, é uma hipótese. É uma hipótese legítima de se pensar. Não estou dizendo que se vai fazer isso, que está deixando de fazer, mas é uma hipótese legítima de se pensar, tendo em vista mais uma seletividade não explicada na desistência de uma das delações.

De qualquer sorte, o que a gente vê é que nos últimos tempos, uma vez concluído o processo de derrubada do PT do poder, nós estamos vendo que a Lava Jato vai, agora, muito mais passos de cágado, não é isso?

PHA: Qual o estado da ordem jurídica brasileira, findo o processo do impeachment da presidenta Dilma Rousseff?

Eugênio Aragão: Tudo é muito triste. Porque, de repente, os argumentos jurídicos são distorcidos, contorcidos, redobrados, à vontade do freguês. Me parece que nós vamos ter um tempo muito longo de escuridão – não só na política mas, também, na respeitabilidade das instituições. As instituições vão precisar de um esforço muito grande para readquirir a respeitabilidade do público.

Infelizmente, me parece que essa é a principal consequência desse processo. A nossa República saiu, sem dúvida nenhuma, muito fortemente maculada do Golpe, da esperteza, da falta de escrúpulos, da atuação de bandos – para não falar de matilhas – contra o poder constituído. Isso, infelizmente, vai ter consequências duradouras até que a gente possa reconsolidar um pacto nacional e dar algum tipo de estabilidade e respeitabilidade, um pacto que reconstitua a confiança da coletividade nas suas instituições.

sexta-feira, 2 setembro, 2016 Posted by | Repassando... | | Deixe um comentário