No passado, toda a agricultura era orgânica, mas atualmente este método ocupa apenas 1% de toda a área usada para agricultura. Seus críticos costumam apontar seu “baixo” rendimento, em comparação com o rendimento aumentado à custa de venenos, exploração humana e destruição ambiental da agricultura “convencional”. Este menor rendimento inviabilizaria este modelo orgânico de plantio de alimentar a população humana esperada para 2050, de 10 bilhões de pessoas.
Mas será que isso é verdade?
A agricultura orgânica no século XXI
Um estudo publicado no Reino Unido, após revisão minuciosa de centenas de pesquisas dos últimos 40 anos, pretendeu responder a esta pergunta. Organic Agriculture in the twenty-first century compara a produção a longo prazo dos dois tipos de agricultura, além de estabelecer padrões de estabilidade para esta atividade.
Segundo os pesquisadores, a agricultura precisa não somente suprir a humanidade, mas se manter como atividade estável para que também não falte comida para outras gerações. Ela deveria ser, portanto: economicamente viável, produtiva, ambientalmente sustentável e socialmente justa.
E o que descobriu o estudo?
Que apesar da agricultura orgânica ser menos produtiva que a convencional em 10 a 20%, ela é mais valiosa e favorável à manutenção da espécie humana, enquanto a agricultura “convencional” se especializou em produtividade em detrimento de outras métricas de qualidade.
Orgânica e viável
No estudo, pesquisadores compararam 500 cenários de produção alimentícia para saber se eles conseguem alimentar a população de quase 10 bi (9,6 bilhões) de pessoas estimada para 2050, sem expandir a área cultivada. Eles descobriram que poderia ser produzida comida suficiente com agricultura orgânica se as pessoas comessem uma dieta baseada em vegetais. Exatamente, a mesma área cultivada de hoje pode alimentar esse número todo de pessoas se fossem todas veganas, teria 94% de chance de sucesso se fossem todas vegetarianas, 39% com uma dieta completamente organica e apenas 15% de chance com a dieta ocidental baseada em carne.
Ou seja, a agricultura orgânica pode alimentar 10 bilhões de pessoas sem devastar nenhum metro quadrado a mais sequer. Para isso, no entanto, seria preciso que a dieta do capitalismo ocidental recuasse drasticamente.
Os pesquisadores não acreditam que isso vá ocorrer, e acham que a produção alimentícia deverá variar entre orgânica e convencional, dependendo do gênero a ser produzido, para manter a alimentação humana. Porém, este não seria um cenário ambientalmente favorável.
Vale salientar que, apesar da importância da questão da revisão dos hábitos alimentares, o assunto ainda é pouco veiculado. Nem jornais, nem organizações nem ativistas dão a devida atenção à expansão desenfreada da dieta capitalista ocidental que nos leva em direção ao abismo. Que esta pesquisa possa ajudar nessa questão.
Parabéns pelo post. Vou repassar para um grupo de vegetarianos que tenho no Whatsup. Valeu…
Comentário por geurge | terça-feira, 16 janeiro, 2018