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Murray Bookchin e a Ecologia Social

Dia 14 de janeiro é aniversário de um dos pioneiros do ambientalismo do século XX, Murray Bookchin (1921-2006), conhecido pela sua proposta de Ecologia Social. Era um escritor ativista, socialista libertário, defensor da decentralização política e da quebra de hierarquias.

bookchin

Bookchin participou ativamente dos movimentos políticos da contracultura. Seu primeiro livro sobre o tema ambiental , “Nosso ambiente sintético”,  em tradução livre, foi publicado seis meses antes do famoso clássico “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, considerado um pontapé inicial para o questionamento verde atual.

Sua proposta de Ecologia Social era uma ideia radical, que defendia um ambientalismo social, democratizante, livre de hierarquias e, ao mesmo tempo, englobando as técnicas e tecnologias modernas como parte da mudança. Para ele, a apropriação da “sociedade da pós-escassez”, com tecnologia e capacidade de gerar bem-estar humano, não significava excesso material, mas uma suficiência de desenvolvimento técnico que liberta os indivíduos para escolhas autônomas sobre suas necessidades e formas de supri-las.

A Ecologia Social de Bookchin era uma espécie de ecossocialismo libertário, que vê as causas da crise ambiental atual no capitalismo, no estado e nas estruturas de dominação. Propunha uma sociedade de municipalidades confederadas, baseadas num sistema ultrademocrático de administração, através de participação direta dos indivíduos nas tomadas de decisões em nível municipal.

Sua proposta decentralizadora, mas realista, causou polêmica entre alguns anarquistas, que entenderam-na como uma aceitação ao estado (no caso, o município). Outros ambientalistas radicais, que também defendiam um biorregionalismo ao modo de Bookchin, acharam a proposta polêmica porque defendiam uma escala ainda menor de sociedade, no nível de comunas.

“A Ecologia Social (…) propõe não somente uma sociedade livre de hierarquias e de sensibilidades hierárquicas, mas uma ética que coloca a humanidade no mundo natural como agente que torna a evolução – social e natural – completamente autoconsciente e tão livre quanto possível”

Como adorava a polêmica, Bookchin escreveu muito sobre os defeitos e aspectos que considerava negativos em correntes do ambientalismo e do socialismo libertário. Talvez até repelindo-os exageradamente, de modo que muitos eco-anarquistas atuais ignoram a obra de Bookchin e optam pelo primitivismo de autores mais atuais, como John Zerzan.

Mas as ideias dele seguem fortes em vários ramos do pensamento político e ecológico. O geógrafo marxista David Harvey faz bem em ignorar as diferenças entre marxistas e anarquistas e citar as ideias de Bookchin como opções originais para a reformulação das cidades. Nas práticas políticas, o movimento independentista curdo PKK afirma abertamente se inspirar nos textos do autor norte-americano, e esta foi uma importante base para a revolução de Rojava.

terça-feira, 16 janeiro, 2018 - Posted by | Repassando... | ,

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